A minha casa nunca teve história sobre mortes nem nada parecido, pois é uma
casa que só tem uns oitenta, noventa anos, até mesmo o terreno não tem alguma
história sobre mortes ou se alguém foi enterrado nele, pois antes de ser uma
casa era um poio (pequena fazenda na rocha, característica madeirense) onde se
plantavam cana de açúcar ou bananeiras, mas o que me aconteceu a bem pouco tempo
deixou-me um pouco assustada e com dúvidas sobre o paranormal pois nunca antes
tinha acontecido semelhante coisa, só uma vez quando era uma criança de cinco ou
seis anos. Contarei primeiro o que me aconteceu á bem pouco tempo e depois
contarei o que me aconteceu quando tinha cinco ou seis anos (hoje tenho 17 já
para os 18).
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Durante toda a semana eu acordo cedo para ir para a escola e eu não vejo a hora
de chegar ás sextas feiras, pois eu saio cedo ás sextas, não tenho aulas á
tarde, é o dia anterior a sábado e assim descanso mais um pouco depois de fazer
as minhas tarefas de casa.
Numa dessas sextas-feiras cheguei a casa, fiz as minhas tarefas e quando
acabei-as eu fiquei sonolenta, então fui até ao quarto e deitei-me um pouco na
cama do meu irmão (eu partilho o meu quarto com dois irmãos), mas sem intenção
de adormecer, mas afinal eu acabei de adormecer, mas antes disso eu senti o meu
pai, a minha mãe e o meu irmão sair de casa (era hora de almoço e eles tinham
vindo a casa almoçar, menos o meu pai que está de férias e ia só acompanhar a
minha mãe), depois eu acabei de adormecer.
Eu não faço a mínima idéia quando tempo havia passado, mas sei que acordei com o
barulho do brucador vindo do quarto de banho (nessa altura estávamos a arranjar
o quarto de banho) e ainda meia sonolenta eu pensei que era meu pai que já tinha
chegado, então aconcheguei-me nos cobertores e voltei-me de barriga para cima
sempre a ouvir o brucador a furar a parede, de repente senti muito frio, eu já
tinha frio, mas nessa altura fiquei mesmo com MUITO frio, então quis
levantar-me, mas alguma coisa deitou-se em cima no meu peito impedindo-me de me
mexer, fiquei com medo e comecei a gritar pelo o meu pai, mas apesar de estar a
gritar, não saía som da minha garganta. Com medo, eu não abri os olhos, mas
pouco a pouco o som do brucador foi desaparecendo, tal como a força que me
paralisava e o frio, continuei de olhos fechados, mas desta vez não por medo,
mas por sono, pois não sei porque eu parei de sentir medo e o sono tomou conta
de mim outra vez, pouco depois eu ouvi o meu telemóvel a tocar, deixei-o tocar
até parar, então levantei-me a custo, saí dos quartos (o meu quarto e o outro
quarto do meu outro irmão são juntos, tendo de passar primeiro no quarto do meu
irmão Rúben para depois ir para o meu), olhei para o quarto de banho que fica ao
pé das escadas e estranhamente vi-o vazio, nem sinal do meu pai ou de algum
brucador, subi as escadas e cheguei á sala para buscar o meu telemóvel, quem
tinha me telefonado tinha sido a minha mãe, telefonei-a para perguntar o que ela
queria, então foi o que ela me disse que me deixou sem palavras. Ela telefonou
só para dizer que o meu pai não tinha ido a casa durante o tempo em que dormia
(mas ela não sabia que estava a dormir) porque ela e o meu pai tinham ido buscar
o lavatório para o quarto de banho, e ela telefonou porque eu podia estar á
procura do meu pai pois já era 16h e eu tinha adormecido ás 13h e tal. Desliguei
o telemóvel e comecei a procurar a casa toda á procura de alguma entrada
forçada, mas não vi nada, estava todo fechado, fiquei parva o resto do dia e
ainda não percebo o que se passou, pois realmente eu ouvi o brucador a furar a
parede do quarto de banho, senti algo a me paralisar e o frio a tomar o meu
corpo, não sei o que era e para dizer a verdade, não quero saber.
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Quando tinha cinco ou seis anos (hoje tenho 17, caminho já para os 18) eu
partilhava, e continuo a partilhar, o quarto com dois dos meus quatro irmãos, e
o meu quarto nessa altura era o quarto de entrada para o outro quarto que é
agora o meu, dividido por uma parede e só podendo entrar por uma porta que está
sempre aberta.
Numa noite, á doze ou treze anos atrás, eu acordei sem alguma razão aparente,
simplesmente acordei e como a minha cara estava voltada para a janela eu vi um
vulto de um homem alto e muito magro á frente desta e pareceu que não tinha
notado que eu tinha acordo, eu fiquei mesmo muito assustada e fiquei a ver o
vulto sem me atrever a me mexer ou falar, afinal eu era uma miúda pequena, pouco
depois o vulto andou pelo o meu quarto até á minha cama e foi para o quarto dos
meus pais (era o quarto deles na altura), depois voltou para o meu quarto até á
minha casa e voltou para o quarto dos meus pais, e assim repetitivamente até que
muito tempo depois o meu pai acendeu a luz do quarto dele e o vulto não apareceu
mais. O meu pai foi até ao quarto de banho e voltou ao quarto, nessa altura eu
já estava sentada na cama e disse ao meu pai que estava alguém dentro de casa,
mas meu pai disse que estava a sonhar, mas mesmo assim eu obriguei-o a abrir os
roupeiros, mas só havia roupa lá dentro, o meu pai voltou para o seu quarto,
apagou a luz e foi dormir. Pouco tempo depois o vulto apareceu, ficou em frente
da janela durante algum tempo a olhar para mim, eu não vi olhos nenhuns, mas
senti que ele estava olhando para mim, pouco depois ele correu até á passagem
entre a minha cama e a cama de um dos meus irmãos e ficou lá, olhando para mim,
eu não o vi olhando pra mim, pois estava de costas olhando a janela com os olhos
muitos abertos, mas senti ele me observando, então pouco depois o vulto voltou
ao seu "passeio" pelo o meu quarto e pelo o quarto dos meus pais e pouco tempo
depois eu adormeci vendo o vulto passeando no meu quarto. Na manhã seguinte
contei a todos, mas claro que ninguém acreditou numa miúda de cinco ou seis
anos, mas sei que foi real, pois eu tinha demasiado medo para imaginar coisas ou
para sonhar.
Carla - Ilha da Madeira - Portugal