Viria alguém que já partiu para o além, mostrar seu último momento para uma testemunha, tentando dessa forma aliviar sua dor e injustiça que sofreu em um tempo distante?
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Já vi e presenciei muitas coisas estranhas, principalmente entre os 15 e os
27 anos de idade.
Acho que nesta época a gente fica mais sensível a perceber as
coisas.
Uma das visões mais marcantes aconteceu há cerca de 12 anos, quando eu
tinha 24 anos.
Estávamos eu, meu namorado na época (hoje meu marido) e mais um casal de amigos
em Ibicuí, praia próxima à Mangaratiba, no estado do Rio de Janeiro.
O pai de
minha amiga tinha uma casa muito gostosa na encosta, e sempre que podíamos íamos
para lá.
Naquele dia eu não havia dormido bem, um sono agitado e cheio de
sobressaltos.
Acordei nervosa, chorei muito no banheiro, sem saber porque.
O tempo estava
feio, chuvoso e nublado.
Me aninhei no colo de meu namorado, pousei a cabeça em
seu ombro e fiquei olhando a chuva cair, pela janela atrás do sofá.
Sentia uma
dor muito grande, um aperto no peito, uma angústia que não sabia explicar.
Era
feriado, estávamos na praia, nos dávamos muito bem. Que motivo havia para tanta
tristeza?
O tempo foi ficando escuro, nuvens negras cobrindo o céu. Parecia que ia
anoitecer, mas era ainda manhã.
De repente um relâmpago muito forte cortou o céu, como um flash imenso clareando
tudo.
Nesse momento eu olhei para fora, e em uma árvore da encosta, vi claramente um homem enforcado.
Seus pés sujos
de lama pendiam sobre a vegetação, suas roupas já muito puídas e gastas, os
cabelos bastante desgrenhados.
Seu corpo balançava ligeiramente na chuva.
Dei um grito e entrei em desespero.
A chuva aumentou, depois foi se dissipando
aos poucos.
Fiquei muito assustada, queria sair dali. Ao contar o relato para
minha amiga, ela ficou pálida e muito nervosa.
Nos contou então um certo segredo de família.
Seu bisavô, antigo proprietário do
lugar, um homem então rico e poderoso, se desentendeu certa vez com um colono da
região, mandando surrá-lo e depois enforcá-lo numa árvore.
Estranho que depois disso não senti mais medo. Rezei muito pela alma do pobre
homem e dormi tranqüilamente.
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