Tinha me mudado para um apartamento de dois quartos e ainda estava acabando
de decorá-lo. Cheguei em casa tarde da noite e tomei um resto de café meio morno
que ainda estava na garrafa térmica e me joguei na cama de tão exausta. Ainda
por cima estava um dia daqueles frios de rachar que faz no Rio de Janeiro,
quando vem aquelas frentes frias, logo tratei de me enfiar nas cobertas e
dormir.
Eu havia desligado a luz e estava retirando um par de brincos da orelha e ainda
sentada recostada na cabeceira da cama, quando eu fiquei atônita com um barulho
de sapato de salto alto vindo da sala e entrando pelo corredor do apartamento e
logo depois uma forma humana de uma mulher entrando no quarto e fiquei
simplesmente apavorada com aquela cena. Ela vinha bem lentamente e jogava a
cabeça para trás e como se risse, porém estava muda e o único barulho era do
salto alto que fazia no chão.
Ficou ali para no batente da porta e voltava em direção a cama e voltava para a
porta e abria a boca como gargalhando, mas sem emitir som nenhum. Fiquei
petrificada. Conseguia ver que era uma mulher porquê embora fosse de noite,
passava uma leve iluminação do lado de fora, mesmo com as cortinas fechadas e a
janela também estava toda fechada por causa do frio intenso.
Tinha cabelos compridos, escorridos e pretos e parecia que vestia uma camisola.
Vinha do batente da porta e jogava a cabeça para cima e como se gargalhando
vindo na minha direção. A vontade que me deu foi de quase pular a janela tamanho
o meu pavor e logo depois, lá pela quarta vez que fez isto, ela me olhou
novamente e fechou a cara. E agora a cara era de má. Ficou ali parada mais
alguns instantes me olhando e depois saiu em direção ao corredor e acredito em
direção à sala. Depois tudo ficou em silêncio. Fiquei ali mais um tempo
petrificada e em quase estado de choque. Depois de um tempo tive coragem para
esticar o braço e acender o abajur. Ao ver a claridade fiquei mais aliviada,
porém muito apavorada ainda. Mas afinal ....... o que era aquilo?
A porta do quarto bateu com violência e depois de bater a porta voltou batendo
com grande violência também na parede do quarto, voltando a ficar escancarada. E
novamente o barulho de salto alto começou lá da sala eu quase morri de tanto
medo e pavor. Fiquei de olhos fechados e ouvi o barulho de fechadura da porta do
quarto do lado ou do corredor ficar mexendo como se trancasse e abrisse várias
vezes, somente aquele barulho de clec, clec, e clec, clec, abrindo e fechando.
Eu não sei o que me deu mas prendi a respiração abri apenas um pouco os olhos e
sai correndo da cama e com a coberta e tudo, cruzei o corredor, entrei na sala e
voei para a porta de saída, quando dei por mim eu simplesmente havia descido
três andares de escada descalça e estava na portaria. O porteiro ficou sem
entender nada e eu não conseguia ficar calma.
Uma vizinha que chegava naquele momento resolveu chamar a polícia para ver o meu
apartamento, mas nada foi encontrado e nem estava revirado, somente a porta do
apartamento aberta e o cobertor caído na sala quando precisei abrir a porta de
entrada. Só entrei quando meu irmão chegou lá no prédio e então subi com ele e
fui me encontrar com os policiais, mas eles não encontraram nada de anormal que
levasse a achar que houvesse tido um ladrão por lá, mesmo porquê não havia
altura para escalar e eu sabia que não era ladrão. Um deles falou que as vezes
ele ou a equipe de policiais era chamada para atender a casos mais ou menos
parecidos com o meu. Ele falou isto quando eu relatei exatamente o que ocorrera
no apartamento. Ele disse que acreditava no sobrenatural, pois já tinha passado
por uma experiência sobrenatural.
Fechei o apartamento e fiquei dormindo na casa de uma colega durante seis meses
e foi aí que vi que não tinha jeito e tratei de aceitar a oferta de minha mãe
para voltar a morar com meus pais.
Aquela imagem da mulher entrando no quarto e vindo na minha direção e jogando a
cabeça para cima e como se rindo ou gargalhando e o barulho de toc, toc, do
salto alto e de fechadura sendo girada abrindo e fechando, não sai da minha
cabeça até hoje.
Marilane - Rio de Janeiro - RJ