ATRAVÉS DO FUSCA


"Analisando-se os inúmeros relatos de incríveis e fantásticos fatos sobrenaturais que ocorrem pelo mundo, deixando as testemunhas de seus acontecimentos perplexas, o que poderemos esperar dessa misteriosa força do além ou de outras dimensões que agem em nosso mundo fazendo as leis da física e do equilibrio do universo sem lógica alguma? "


O Relato a seguir mais um desses incríveis e inexplicáveis acontecimentos!

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Saudações há quem lê essa narrativa.

Gostaria de me apresentar dizendo que sou uma pessoa de formação científica e, apesar de religioso, sou "um tanto" cético em relação às histórias “sobrenaturais” que me são contadas. Provavelmente eu seja assim em função de que, muitas vezes, esses causos são contados com o intuito de trazerem, de alguma forma, vantagens para quem conta. Isso, no entanto, não foi impeditivo para que eu me visse envolvido em muitos acontecimentos estranhos que, confesso, por vezes enfraquecem meu ceticismo.

A história que vou contar é bastante simples, sem grandes detalhes ou explicações, mas histórias reais não são sempre assim?

Tudo aconteceu na metade de uma manhã de um domingo quente, na histórica cidade de Viamão (Rio Grande do Sul), onde eu morava. Era 1991-92, então eu tinha nove ou dez anos.

Meu pai tinha um Volkswagen Fusca ’73, motor 1500 (o “Fuscão”), e íamos eu, ele e minha mãe para um churrasco na casa de um tio. Seguíamos pela extensão urbana da RS-040, chamada Avenida Senador Salgado Filho [Coordenadas GPS: Latitude / Longitude = 30° 4'44.00"S, 51° 6'21.90"W], no sentido Centro de Viamão para Porto Alegre.

Para quem conhece Viamão, passamos da Escola Marista Nossa Senhora das Graças com a intenção de, ao chegar em frente ao complexo onde funcionava o Seminário Maior (que reunia um seminário para formação de padres, um convento e uma faculdade), fazer o retorno e entrar nos bairros residenciais, onde morava meu tio.

Hoje aquela é uma região de grande movimento e amplo comércio, mas naquele tempo tudo era mais calmo, lá, e mesmo o trânsito, considerado pesado para a época, nem se comparava com o atual. Onde hoje há lojas, restaurantes e revendas automotivas, havia quase que somente casas antigas e terrenos baldios.

Vínhamos então pela estrada e, passando o posto da Polícia Rodoviária Estadual, meu pai acelerou o Fusca um pouco para subir uma pequena inclinação. Estávamos praticamente sós na estrada quando, passando em frente aos campos dos Irmãos Maristas (que existem até hoje, bem como a maioria das referências que citei), um pano branco se ergueu do asfalto, formando uma silhueta bastante estranha – quase como se houvesse um quadro ou uma caixa saindo do chão, por baixo dele – e, erguendo-se do chão, veio em direção ao carro.

Faço aqui uma pausa para explicar que o asfalto, na época, era bastante escuro e, se tratando de uma elevação leve, certamente teríamos visto algo que tinha quase o tamanho de um lençol, e branco como papel, no meio da avenida. Aquilo parecia sair do chão. E, se a narrativa passa uma idéia de pobreza de detalhes, explico que a coisa toda se deu em dois ou três segundos, se muito (quem já sofreu um acidente de carro, por exemplo, entenderá o que quero dizer: a narrativa é significativamente mais longa que o acontecido).

Retomando: aquilo vinha em direção ao carro num movimento errático, como uma sacola plástica carregada muito rápida pelo vento, salvo por três detalhes: era muito grande para ser uma sacola, era claramente um tecido leve e parecia estar envolvendo uma esfera do tamanho de uma bola de futebol de salão, já que a silhueta “quadrada” mudara.

Para impedir que o pano cobrisse totalmente o pára-brisa, meu pai deu uma guinada (que estava mais para uma finta) com o Fusca e, quando aquela coisa chegou ao vidro, atravessou-o como se não houvesse nada ali e passou por dentro de habitáculo, dando um susto em todo mundo e principalmente em mim, que vinha no banco de trás mas tinha o costume de sentar-me ao meio, para observar a estrada e os movimentos do motorista. Pois bem: somada a velocidade do carro e do pano, aquilo passou através do Fusca (entre os dois bancos da frente e desviando de mim num último instante) com um chiado muito estranho. Virei-me em tempo de ver aquilo voando rente ao chão, em sentido oposto: assim como passara pelo pára-brisa, não deixando qualquer marca, o mesmo ocorreu em relação ao pequeno vidro traseiro do valente carrinho.

Ficamos perguntando uns aos outros o que fora aquilo mas, com a proximidade do retorno na estrada e o claro entendimento que não iríamos esclarecer à questão, bem como o fato de que nenhum de nós (eu, meu pai, minha mãe ou o Fuscão) nada havíamos sofrido, deixamos o assunto de lado.

Acontece que hoje* vi um Fusca vermelho com os pára-lamas dianteiros em preto fosco, que era a configuração do automóvel do meu pai quando ele o comprou (pintando-o inteiramente de vermelho, depois) e, lembrando dele, lembrei desse dia e do estranho fato que até hoje não conseguimos ter explicação alguma.

 




Carlos - Canela - Rio Grande do Sul - Brasil